Antes de responder a esta pergunta sobre se realmente os aeróbicos em jejum funcionam, vamos à uma breve história sobre o assunto.
Esta é uma prática antiga, porém, popularizada na década de 90 através da publicação de um livro chamado “Body For Life” do autor Bill Phillips. Este livro pregava a aplicação dos exercícios aeróbios em jejum como estratégia para aqueles que desejavam emagrecerem, queimarem mais gorduras.
A partir de então, a moda pegou e muitos praticantes de atividades físicas assim como treinadores começaram aplicar a estratégia dos exercícios aeróbicos em jejum frequentemente. Assim como foi na época do “Cooper”, agora tínhamos uma outra pratica cegamente aplicada pelas pessoas de forma “viralizada”.
Então, voltando a pergunta inicial se realmente os exercícios aeróbicos em jejum funcionam, a resposta é um belo e sonoro: NÃO!!!!

Para comprovar isso, um estudo de meta análise (que é a analise de vários estudos sobre o tema) mostra que a realização do aeróbio em jejum (AEJ) é pior para queimar (oxidar) gorduras após a sessão que se alimentar antes do treino, esse resultado foi mais evidente nas mulheres (gráfico). Foram incluídos 18 estudos representando 199 indivíduos que preencheram todos os critérios.
Em uma pesquisa realizada em 1999, Utter e colaboradores, estudaram as respostas hormonais em atividades aeróbias diante de duas situações: 1) jejum de 12 horas; e 2) ingestão de carboidratos (antes e durante o teste).
Eles identificaram que os níveis do hormônio cortisol, que é um hormônio catabólico, praticamente dobraram e mantiveram-se 80% maiores 90 minutos após o fim daqueles que praticaram exercícios aeróbicos em jejum, em relação ao grupo que ingeriu carboidratos!
Se exercícios aeróbicos contínuos de longa duração são ineficientes na queima de gorduras, você acha mesmo que exercícios aeróbicos em jejum seriam a melhor opção? Com certeza não…
Em primeiro lugar os exercícios aeróbicos em jejum são feitos também em baixas intensidades já que você não se alimentou para realizar exercícios e deve se poupar de esforços maiores, logo, já sabemos que exercícios em baixas intensidades não são eficientes para queima de calorias diárias totais.
Em segundo lugar, exercícios aeróbicos em jejum colocam-no em uma situação de risco, podendo levá-lo a tonturas, mal estar e até mesmo desmaios. Será que vale mesmo a pena o risco?
Em terceiro lugar vem a questão do termo “jejum”, que significa “privação”, “ausência” total de alimentos. Só que muitos acabam ingerindo alguma coisa antes de treinar, como por exemplo, suplementos (BCAA e/ou Glutamina) para evitar perdas de massa muscular e os baixos níveis de glicose. Então não é mais exercícios aeróbicos em jejum!
Além disso, o tempo de treino dos exercícios aeróbicos em jejum é curto o suficiente para não promover perda de massa muscular, ou seja, gasta-se uma grana com suplementos proteicos (que são os mais caros) para prevenir perdas musculares que na realidade nem mesmo acontecem!
Portanto, se alimentar antes do treino e treinar em maior intensidade pode prolongar e promover maior oxidação de gorduras após a sessão. Além disso, combinar restrição calórica e AEJ pode reduzir a massa muscular por aumento da degradação de proteínas musculares. Claro que se o indivíduo não fizer resistido e consumir pouca proteína no dia.
O emagrecimento eficiente envolve a combinação de treinamentos intervalados de alta intensidade (HIIT) e musculação para promoverem um aumento do metabolismo de repouso e manter a queima de gordura elevada mesmo horas após o término dos treinos, o chamado efeito EPOC (leia mais AQUI), além de dieta adequada.
Referências:
UTTER AC, KANG J, NIEMAN DC, WILLIAMS F, ROBERTSON RJ, HENSON DA, DAVIS JM, BUTTERWORTH DE. Effect of carbohydrate ingestion and hormonal responses on ratings of perceived exertion during prolonged cycling and running. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1999 Jul;80(2):92-9.
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